Biologia
Biologia é a ciência que
estuda a vida e os organismos vivos. A biologia está dividida em vários campos
especializados que abrangem a morfologia,
fisiologia, anatomia, comportamento, origem e distribuição da matéria viva,
além dos processos vitais e das relações entre os seres vivos. As
subdisciplinas da biologia são definidas pela escala em que a vida é estudada,
os tipos de organismos estudados e os métodos utilizados para estudá-los: a bioquímica examina a química rudimentar
da vida; a biologia molecular estuda as interacções complexas entre as
moléculas biológicas; a biologia celular examina o bloco básico de construção
de toda a vida, a célula; a fisiologia examina as funções físicas e químicas
dos tecidos, órgãos e sistemas de órgãos; a ecologia examina como os organismos
interagem em seu ambiente; e a biologia evolutiva examina os processos
evolutivos que provavelmente produziram a diversidade da vida.
Apesar do amplo escopo e da complexidade da
ciência, existem certos conceitos unificadores que o consolidam em um único
campo coerente. Geralmente, a biologia reconhece a célula como a unidade básica
da vida, os genes como a unidade básica da hereditariedade, e a evolução como o
motor que impulsiona a criação de novas espécies.
A vida, em
relação às células, é estudada pela biologia
celular, biologia molecular, bioquímica e genética molecular; enquanto, à
escala multicelular, é estudada pela fisiologia, anatomia e histologia. A
biologia do desenvolvimento estuda o processo pelo qual os organismos crescem e
se desenvolvem, e a ontogenia (ou ontogénese), o desenvolvimento de um
indivíduo desde a concepção até a maturidade.
Etimologia
O termo
"biologia" significa basicamente "estudo da vida". Sua
origem vem de Biologie, combinação originalmente alemã criada no início do
século 19 a partir do vocábulo hipotético ‹βιολογία› (biología), do grego
antigo ‹βίο› (bío-, "vida") ‹λόγος› (lógos, "explicação,
discurso") + ‹-ίᾱ› (-íā, sufixo nominal abstrato) = ‹-λογῐ́ᾱ› (-logíā,
"estudo, tratado"). Posteriormente, se estendeu a outros idiomas
europeus, como o francês e o dinamarquês (biologie).
O primeiro uso,
em alemão, Biologie, foi numa tradução de 1771 do trabalho de Lineu. A forma
latina do termo apareceu pela primeira vez em 1736, quando o cientista sueco
Carlos Lineu (Carl von Linné) usou o termo biologi em sua Bibliotheca botanica.
Em 1766 o termo foi usado novamente na obra intitulada Philosophiae naturalis
sive physicae: tomus III, pelo o geólogo, biólogo e fitólogo Michael Christoph
Hanov, discípulo de Christian Wolff. Em 1797 Theodor Georg August Roose usou o
termo no prefácio do livro Grundzüge der Lehre van der Lebenskraft, mas a
palavra propriamente dita teria sido cunhada em 1800 por Karl Friedrich Burdach,
aparecendo no título do terceiro volume da obra de Michael Christoph Hanov,
publicada em 1766, Philosophiae naturalis sive physicae dogmaticae: Geologia,
biologia, phytologia generalis et dendrologia (Propädeutik zum Studien der
gesammten Heilkunst), onde também usou o termo em um sentido mais restrito do
estudo dos seres humanos de uma perspectiva morfológica, fisiológica e
psicológica. Contudo, o conceito de "biologia" no seu sentido moderno
foi introduzida por Gottfried Reinhold Treviranus (Biologie oder Philosophie
der lebenden Natur, 1802) e por Jean-Baptiste Lamarck (Hydrogéologie,
1802).[11] Com o tratado de seis volumes de Biologie, oder Philosophie der
lebenden Natur (1802–22), Gottfried Reinhold Treviranus declarou:
“Os objetos de nossa pesquisa devem ser as
diferentes formas e manifestações da vida, as condições e leis sob as quais
esses fenômenos ocorrem, e as causas pelos quais eles foram efetuados. A
ciência que se preocupa com esses objetos, deve ser indicada pelo nome de
biologia ou doutrina da vida.”
Origens
Embora a
biologia moderna tenha-se desenvolvido há pouco tempo, as ciências relacionadas
e incluídas nela foram estudadas desde os tempos antigos. A filosofia natural
foi estudada já nas antigas civilizações da Mesopotâmia, do Egipto, do
subcontinente indiano e da China. No entanto as origens da biologia moderna e
sua abordagem ao estudo da natureza são mais frequentemente remontadas à Grécia
antiga. Dentre os estudiosos do mundo islâmico medieval que escreveram sobre
biologia estavam Al-Jahiz (781–869), Abu Hanifa Dinavari (Al-Dīnawarī) (828–896)
e Rasis (865–925). A medicina foi especialmente bem estudada pelos estudiosos
islâmicos que seguiam as tradições do filósofo grego, enquanto a história
natural inspirou fortemente o pensamento aristotélico, especialmente na defesa de
uma hierarquia fixa da vida.
A biologia
começou a se desenvolver e crescer rapidamente com a melhoria do microscópio,
de Anton van Leeuwenhoek. Foi então que os estudiosos descobriram os espermatozoides,
as bactérias, e a diversidade da vida microscópica. As investigações de Jan
Swammerdam levaram a um novo interesse pela #entomologia e ajudaram a
desenvolver as técnicas básicas de dissecção e coloração microscópica.
A biologia tem
papel fundamental na ciência, no que tange o estudo dos seres vivos e da vida.
Na foto, um cão (Canis familiaris), ser vivo pertencente ao reino animal.
Subdivisões
A biologia é actualmente dividida em
várias subdivisões, ramos, ou subdisciplinas, todas voltadas ao estudo das
particularidades da ciência. Elas são conhecidas no meio académico por ciências
biológicas, pois lidam com o estudo de certas áreas ou de uma área específica
da biologia. São divididas em:
Biofisiologia
– o mesmo que fisiologia.
Biologia celular (ou citologia)
– estuda a morfologia, o desenvolvimento e as funções das células e dos
componentes celulares.
Biologia evolucionária (ou Evolução)
– estuda a origem e descendência das espécies a partir da teoria da evolução,
bem como sua mudança através do tempo; teoria segundo a qual as espécies se
modificam ao longo do tempo graças à ação das mutações e da seleção natural.
Biologia humana
– estuda o funcionamento do corpo humano, como os órgãos e sistemas desempenham
suas funções e como ocorre a integração dos vários órgãos e sistemas;
fisiologia humana.
Biologia marinha
– estuda a vida marinha, animais e plantas, e suas relações ecológicas.
Biologia molecular
– estuda as interações bioquímicas celulares envolvidas na duplicação do
material genético e na síntese proteica.
Biossistemática
– o mesmo que #sistemática.
Botânica – estuda o
reino vegetal e se divide em grandes áreas de estudo, como a #fisiologia,
morfologia e a sistemática vegetais, subdivididas em vários ramos
especializados.
Ecologia – estuda as
relações dos seres vivos entre si ou com o meio orgânico ou inorgânico no qual
vivem.
Fisiologia – estudo das
funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos
físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres
vivos sadios; biofisiologia.
Fisiologia humana
– o mesmo que biologia humana.
Genética – estuda a
hereditariedade, bem como a estrutura e das funções dos genes. Subdivide-se em:
Genética clássica (ou genética mendeliana)
– dentro da genética clássica os genes são a unidade fundamental da
hereditariedade.
Genética moderna
– (ou genética pós-mendeliana) dentro da genética moderna os genes são
partículas de DNA que codificam partículas.
Genética molecular
– estuda a estrutura e função dos genes a nível molecular e seus métodos de
emprego tanto na biologia molecular, quanto na genética.
Medicina – estuda a prevenção,
cura, ou tratamento de doenças, traumatismos e afecções, bem como à manutenção
da saúde.
Anatomia – estuda a
forma e da estrutura dos diferentes elementos constituintes corporais dos seres
vivos.
Farmacologia
– estuda as propriedades químicas dos medicamentos e suas respectivas
classificações.
Histologia – disciplina
que realiza estudos da estrutura microscópica, composição e função dos tecidos
vivos.
Toxicologia
– estuda a composição química e os efeitos das substâncias tóxicas e dos
venenos, bem como o diagnóstico e o tratamento das intoxicações e dos
envenenamentos.
Microbiologia
– estuda os microorganismos patogênicos, responsáveis pelas doenças
infecciosas. Engloba:
Bacteriologia
– estuda as bactérias e suas propriedades por diversos métodos (por exemplo,
observação microscópica, coloração, cultura).
Micetologista
– o mesmo que micologia.
Micologia – estuda os
fungos micetologia.
Virologia – estuda os
vírus.
Micologia – estudo dos
fungos.
Parasitologia
– estuda os parasitas animais e vegetais e a relação entre parasita e
hospedeiro; ramo da parasitologia, ecologia ou zoologia] que estuda
especificamente os vermes endoparasitas.
Patologia – estuda a
natureza das doenças e suas causas, processos, desenvolvimento e consequências.
Sistemática
– classifica os seres vivos através do estudo comparativo de suas
características, aspectos e fenômenos morfológicos, fisiológicos, genéticos e
evolutivos com o objetivo de reconstruir seu histórico evolucionário a partir
das relações e afinidades entre os diversos grupos de espécies;
biossistemática.
Zoologia – estudo dos
animais e da vida animal, incluindo o sua estrutura, fisiologia,
desenvolvimento e classificação trata dos animais e da vida animal, incluindo
sua estrutura, fisiologia, desenvolvimento e classificação:
Entomologia
– estuda os insetos.
Etologia – estudo
comportamento animal.
Herpetologia
– estudo dos répteis e anfíbios.
Ictiologia – estudo dos
peixes.
Mamalogia – estudo dos
mamíferos.
Ornitologia
– estudo dos pássaros.
Primatologia
– estudo dos primatas.
Subdivisões interdisciplinares
Biofísica – ou física
biológica, é uma ciência interdisciplinar que aplica as teorias e os métodos
das ciências físicas às questões da biologia.
Bioquímica – estuda a
estrutura e função de componentes celulares, como as proteínas, carboidratos,
lipídios, ácidos nucleicos e outras biomoléculas, suas funções e transformações
durante o processo de vida.
Bioclimatologia
– estuda a influência do clima sobre os organismos.
Bioengenharia
– ou engenharia biológica, lida com processos biológicos e moleculares, design
de produtos, sustentabilidade e análise de sistemas biológicos.
Biogeografia
– ciência que tenta descrever a mudança de distribuições e padrões geográficos
da vida e espécies fósseis de plantas e animais.
Bioinformática – tecnologia da
informação aplicada às ciências da vida, especialmente a tecnologia utilizada
para a coleta, armazenamento e recuperação de dados genômicos.
Biomedicina
– intermédio entre biologia e medicina.
Biomatemática
– ou biologia matemática, é um campo interdisciplinar de estudo acadêmico que
visa modelar processos naturais, biológicos usando técnicas e ferramentas
matemáticas. Possui tanto aplicações práticas, quanto teóricas na pesquisa
biológica.
Biônica – subdisciplina
da biofísica e da bioquímica, voltada à aplicação dos conhecimentos da biologia
na solução de problemas de engenharia.
Biotecnologia
– ciência aplicada que se preocupa com sistemas biológicos, organismos vivos ou
seus derivados, a fazer ou modificar produtos ou processos para uso específico.
Bioética – estudo dos
problemas e implicações morais despertados pelas pesquisas científicas em
biologia e medicina.
Geobiologia
– combina geologia e biólogos a fim de estudar as interações de organismos com
seu ambiente.
Etnobiologia
– estuda as interações humanas passadas e presentes com o meio ambiente, por
exemplo, o uso de flora e fauna diversas por sociedades indígenas.
Neurobiologia
– subdisciplina tanto da biologia, quanto da neurociência que estuda as células
do sistema nervoso e a organização delas dentro de circuitos funcionais que
processam a informação e medeiam o comportamento.
Paleontologia
– estuda as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, a partir
dos seus fósseis. Subdivisões conceituais:
Biocronologia
– estudo da flora e da fauna características de cada um dos períodos
geológicos.
Paleobiologia
– estuda os organismos do passado geológico da Terra, com base nas informações
contidas nos registros fósseis.
Tafonomia – estudo da
transição de restos, peças ou produtos de organismos, na biosfera para a
litosfera, criando assembleias de fósseis.
Psicobiologia –
estuda o funcionamento mental e o comportamento em relação a outros processos
biológicos.
Outras subdivisões
Agricultura
– ciência e prática de produção de culturas e gado a partir dos recursos
naturais da terra.
Astrobiologia
– o mesmo que exobiologia.
Biologia de conservação
– estudo e esquemas de preservação do habitat e proteção de espécies com o
objetivo de aliviar a crise de extinção e conservar a biodiversidade.
Biologia de sistemas
– ou biologia sistêmica, é um campo que objetiva entender sistemas no
"nível de sistemas" através de análises de dados biológicos usando
técnicas computacionais.
Biologia do solo
– estuda os organismos (vegetais ou animais) que vivem no solo e suas relações
entre si.
Biologia química –
estuda os efeitos de pequenas moléculas em processos biológicos.
Criobiologia
– estuda os efeitos de baixas temperaturas em organismos vivos.
Cronobiologia
– estuda os fenômenos relacionados ao tempo em organismos vivos.
Exobiologia
– estuda como ambientes extraterrenos podem afetar organismos vivos e também as
possibilidades da existência de vida extraterrena; astrobiologia.
Hidrobiologia
– estuda a vida em ambientes aquáticos.
Imunobiologia
– o mesmo que imunologia.
Imunologia – estuda a
estrutura e função do sistema imunológico, imunidade inata e adquirida,
distinção corporal e técnicas laboratoriais envolvendo a interação de antígenos
com anticorpos específicos.
Protistologia
– estuda os seres protistas.
Radiobiologia
– estuda os efeitos da luz e das radiações ultravioleta e ionizantes sobre os
organismos ou tecidos vivos.
Universalidade: bioquímica, células e o código
genético
Existem muitas
unidades universais e processos comuns que são fundamentais para todas as
formas de vida. Por exemplo, quase todas as formas de vida são constituídas por
células que, por sua vez, funcionam segundo uma bioquímica comum baseada no
carbono. A exceção a essa regra são os vírus e os príons, que não são compostos
por células. Os primeiros assumem uma forma cristalizada inativa e só se
reproduzem com o aparelho nuclear das células alvo. Os príons, por sua vez, são
proteínas auto replicantes-infectantes, que causam, por exemplo, a encefalopatia
bovina espongiforme (ou "mal da vaca louca" ).[carece de fontes]
Todos os
organismos transmitem a sua hereditariedade através de material genético
baseado em ácidos nucleicos, podendo ser ou DNA (ácido desoxirribonucleico) ou
RNA (Ácido ribonucléico), usando um código genético universal. Durante o
desenvolvimento o tema dos processos universais está também presente: por
exemplo, na maioria dos organismos metazoários, os passos básicos do
desenvolvimento inicial do embrião partilham estágios morfológicos semelhantes
e envolvem genes similares.
Diversidade: a variedade dos organismos vivos
Suposta árvore filogenética da vida.
Apesar da
unidade subjacente, a vida exibe uma diversidade surpreendente em termos de
morfologia, comportamento e ciclos de vida. A classificação de todos os seres
vivos é uma tentativa de lidar com toda esta diversidade, e o objecto de estudo
da sistemática e da taxonomia. A taxonomia separa os organismos em grupos
chamados táxon, enquanto que a sistemática procura estabelecer relações entre
estes. Uma classificação científica deve reflectir as árvores filogenéticas,
também chamadas árvores evolutivas, dos vários organismos.
Tradicionalmente,
os seres vivos são divididos em cinco reinos:
·
Monera;
·
Protista;
·
Fungi;
·
Plantae;
·
Animalia.
Contudo, vários
autores consideram este sistema desactualizado. Abordagens mais modernas
começam geralmente com o sistema dos três domínios:
·
Archaea (originalmente
Archaebacteria);
·
Bacteria (originalmente
Eubacteria);
·
Eukaryota.
Estes domínios
são definidos com base em diferenças a nível celular, como a presença ou
ausência de núcleo e a estrutura da membrana exterior. Existe ainda toda uma
série de parasitas intracelulares considerados progressivamente menos
"vivos" em termos da sua actividade metabólica:
·
Vírus;
·
Viroide;
·
Virusoide;
·
Priões.
Homeostase: adaptação à mudança
A homeostase é a propriedade de um
sistema aberto de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição
estável mediante múltiplos ajustes de um equilíbrio dinâmico controlados pela interacção
de mecanismos de regulação. Todos os organismos, unicelulares e multicelulares,
exibem homeostase. A homeostase pode-se manifestar ao nível da célula, na
manutenção duma acidez (pH) interna estável, do organismo, na temperatura
interna constante dos animais de sangue quente, e mesmo do ecossistema, no
maior consumo de dióxido de carbono atmosférico devido a um maior crescimento
da vegetação provocado pelo aumento do teor de dióxido de carbono na atmosfera.
Tecidos e órgãos também mantêm homeostase.
Interacção: grupos e ambientes
Todo o ser vivo
interage com outros organismos e com o seu ambiente. Uma das razões pelas quais
os sistemas biológicos são tão difíceis de estudar é precisamente a
possibilidade de tantas interacções diferentes com outros organismos e com o
ambiente. Uma bactéria microscópica reagindo a um gradiente local de açúcar
está a reagir ao seu ambiente exactamente da mesma forma que um leão está a
reagir ao seu quando procura alimento na savana africana, ou um avestruz
protege seu ninho comunal na África. Dentro duma mesma espécie ou entre
espécies, os comportamentos podem ser cooperativos, agressivos, parasíticos ou
simbióticos. A questão torna-se mais complexa à medida que um número crescente
de espécies interage num ecossistema. Este é o principal objecto de estudo da
ecologia.
Âmbito
A biologia
tornou-se um campo de investigação tão vasto que geralmente não é estudada como
uma única disciplina, mas antes dividida em várias disciplinas subordinadas.
Consideramos aqui quatro grandes agrupamentos. O primeiro consiste nas disciplinas
que estudam as estruturas básicas dos sistemas vivos: células, genes, etc.; um
segundo agrupamento aborda o funcionamento destas estruturas ao nível dos
tecidos, órgãos e corpos; um terceiro incide sobre os organismos e o seu ciclo
de vida; um último agrupamento de disciplinas foca-se nas interacções. Note-se,
contudo, que estas descrições, estes agrupamentos e as fronteiras entre estes
são apenas uma descrição simplificada do todo que é a investigação biológica.
Na realidade, as fronteiras entre disciplinas são muito fluidas e a maioria das
disciplinas recorre frequentemente a técnica doutras disciplinas. Por exemplo,
a biologia evolutiva apoia-se fortemente em técnicas da biologia molecular para
determinar sequências de DNA que ajudam a perceber a variação genética dentro
duma população; e a fisiologia recorre com frequência à biologia celular na
descrição do funcionamento dos sistemas de órgãos.
Estrutura da vida
A biologia molecular é o estudo da
biologia ao nível molecular, sobrepondo-se em grande parte com outras áreas da
biologia, nomeadamente a genética e a bioquímica. Ocupa-se essencialmente das
interacções entre os vários sistemas celulares, incluindo a correlação entre
DNA, RNA e a síntese proteica, e de como estas interacções são reguladas.
A biologia celular estuda as propriedades
fisiológicas das células, bem como o seu comportamento, interacções e ambiente,
tanto ao nível microscópico como molecular. Ocupa-se tanto de organismos
unicelulares como as bactérias, como de células especializadas em organismos
multicelulares como as dos humanos.
Compreender a
composição e o funcionamento das células é essencial para todas as ciências
biológicas. Avaliar as semelhanças e as diferenças entre os diferentes tipos de
células é particularmente importante para estas duas disciplinas, e é a partir
destas semelhanças e diferenças fundamentais que emerge um padrão unificador
que permite que os princípios deduzidos a partir dum tipo de célula sejam
extrapolados e generalizados para outros tipos de célula.
A genética é a ciência dos genes, da
hereditariedade e da variação entre organismos. Na investigação moderna,
providencia ferramentas importantes para o estudo da função dum gene particular
e para a análise de interacções genéticas. Nos organismos, a informação
genética normalmente está nos cromossomas, mais concretamente, na estrutura
química de cada uma das moléculas de DNA.
Os genes
codificam a informação necessária para a síntese de proteínas que, por sua vez,
desempenham um papel essencial, se bem que longe de absoluto, na determinação
do fenótipo do organismo.
Processo de desenvolvimento de um peixe.
A biologia do
desenvolvimento estuda o processo pelo qual os organismos crescem e se
desenvolvem. Confinada originalmente à embriologia, nos nossos dias estuda o
controle genético do crescimento e diferenciação celular e da morfogênese, o
processo que dá origem aos tecidos, órgãos e à anatomia em geral. Entre as
espécies privilegiadas nestes estudos encontram-se o nemátode Caenorhabditis
elegans, a mosca-do-azeite Drosophila melanogaster, o peixe-zebra Brachydanio
rerio ou Danio rerio, o camundongo Mus musculus, e a erva Arabidopsis thaliana.
Fisiologia e Anatomia
A fisiologia estuda os processos
mecânicos, físicos e bioquímicos dos organismos vivos, tentando compreender
como as várias estruturas funcionam como um todo. É tradicionalmente dividida
em fisiologia vegetal e fisiologia animal, mas os princípios da fisiologia são
universais, independentemente do organismo estudado. Por exemplo, informação
acerca da fisiologia duma célula de levedura também se aplica a células
humanas, e o mesmo conjunto de técnicas e métodos é aplicado à fisiologia
humana ou à de outras espécies, animais e vegetais.
A anatomia é uma parte importante da
fisiologia e estuda a forma como funcionam e interagem os vários sistemas dum
organismo, como, por exemplo, os sistemas nervoso, imunitário, endócrino,
respiratório e circulatório. O estudo destes sistemas é partilhado com
disciplinas da medicina como a neurologia, a imunologia e afins.
Biologia evolutiva, Botânica e Zoologia
A biologia
evolutiva ocupa-se da origem e descendência de entidades biológicas (espécies,
populações ou mesmo genes), bem como da sua modificação ao longo do tempo, ou
seja, da sua evolução. É uma área heterogénea onde trabalham investigadores
oriundos das mais variadas disciplinas taxionómicas, tais como a mamalogia, a
ornitologia e a herpetologia, que usam o seu conhecimento sobre esses
organismos para responder a questões gerais de evolução. Inclui ainda os paleontólogos
que estudam fósseis para responder a questões acerca do modo e do tempo da
evolução, e teóricos de áreas como a genética populacional e a teoria
evolutiva. Na década de 1990, a biologia do desenvolvimento recuperou o seu
papel na biologia evolutiva após a sua exclusão inicial da síntese moderna.
Áreas como a filóginia, a sistemática e a taxonomia estão relacionadas com a
biologia evolutiva e são por vezes consideradas parte desta.
As duas grandes
disciplinas da taxonomia são a botânica e a zoologia. A botânica ocupa-se do
estudo das plantas e abrange um vasto leque de disciplinas que estudam o seu
crescimento, reprodução, metabolismo, desenvolvimento, doenças e evolução.
A zoologia ocupa-se do estudo dos
animais, incluindo aspectos como a sua fisiologia, anatomia e embriologia.
Tanto a botânica como a zoologia se dividem em disciplinas menores
especializadas em grupos particulares de animais e plantas. A taxonomia inclui
outras disciplinas que se ocupam doutros organismos além das plantas e dos
animais, como, por exemplo, a micologia, que estuda os fungos. Os mecanismos
genéticos e de desenvolvimento partilhados por todos os organismos são
estudados pela biologia molecular, pela genética molecular e pela biologia do
desenvolvimento.
Classificação da vida
O sistema de
classificação dominante é conhecido como taxonomia lineana, que inclui
conceitos como a estruturação em níveis e a nomenclatura binomial. A atribuição
de nomes científicos a organismos é regulada por acordos internacionais como o
Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN), o Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica (ICZN), e o Código Internacional de Nomenclatura
Bacteriana (ICNB). Um esboço dum código único foi publicado em 1997 numa
tentativa de uniformizar a nomenclatura nas três áreas, mas que parece não ter
sido ainda adoptado formalmente. O Código Internacional de Classificação e
Nomenclatura de Vírus (ICVCN) não foi incluído neste esforço de uniformização.
Ecologia e Etologia
A ecologia estuda a distribuição e a
abundância dos organismos vivos, e as interacções dos organismos entre si e com
o seu ambiente. O ambiente de um organismo inclui não só o seu habitat, que
pode ser descrito como a soma dos factores abióticos locais tais como o clima e
a geologia, mas também pelos outros organismos com quem partilha o seu habitat.
Os sistemas ecológicos são estudados a diferentes níveis, do individual e
populacional ao do ecossistema e da biosfera. A ecologia é uma ciência
multidisciplinar, recorrendo a vários outros domínios científicos.
A etologia estuda o comportamento animal
(com particular ênfase nos animais sociais como os primatas e os canídeos) e é
por vezes considerada um ramo da zoologia. Uma preocupação particular dos
etólogos prende-se com a evolução do comportamento e a sua compreensão em
termos da teoria da seleção natural. De certo modo, o primeiro etólogo moderno
foi Charles Darwin, cujo livro The expression of the emotions in animals and
men influenciou muitos etólogos.
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Biologia
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