Diferenciação celular
Diferenciação
celular
Na biologia do desenvolvimento,
diferenciação é o processo na qual as células vivas se
"especializam", gerando uma diversidade celular capaz de realizar
determinadas funções.
Estas células diferenciadas podem actuar
isoladamente - como os gametas e as células sexuais dos organismos menores,
como as bactérias. Ou podem agrupar-se em tecidos diferenciados, como o tecido
ósseo e o muscular. Apesar de diferenciadas, as células mantêm o mesmo código
genético da primeira célula (zigoto). A diferença está na activação e inibição
de grupos específicos de genes que determinarão a função de cada célula.
Esta especialização acarreta não só
alterações da função, mas também da estrutura das células.
Este "agrupamento" foi
realizado ao longo do processo evolutivo. A seguir, os metazoários
"agruparam" diversos tecidos para formar órgãos diferenciados como o
estômago, os órgãos sexuais, etc. Estes, por sua vez, podem estar agrupados em
aparelhos ou sistemas que, em conjunto, realizam determinada função vital, como
é o caso do sistema digestivo.
O processo inverso também pode
ocorrer. Células já especializadas, por algum motivo, podem perder a sua
função, assumindo um estado de crescimento exagerado. Esse processo é
denominado desdiferenciação e é o que ocasiona o surgimento de neoplasias.
Estágios
da Diferenciação Celular
As mudanças que ocorrem na célula
não são imediatas, mas são precedidas pelo processo de compromisso celular, na
qual a célula possui um destino determinado e passará por grandes alterações.
Assim, mesmo que uma célula ou tecido não sejam diferentes fenotipicamente das
outras células ou tecidos que estão em estado de não comprometimento, o seu
destino de desenvolvimento já está restrito.
O processo de compromisso celular
pode ser dividido em dois estágios (Harrison 1933; Slack 1991). O primeiro é
uma fase instável chamado de especificação. O destino da célula ou tecido é
considerado especificado quando este é capaz de se diferenciar autonomamente em
ambiente neutro (o ambiente é neutro em relação à via de desenvolvimento), como
uma placa de Petri ou um tubo de ensaio. E ainda nesse estágio, o compromisso
pode ser revertido. O segundo estágio de compromisso é a determinação. Uma
célula ou tecido pode ser chamada de determinada quando é capaz de se
diferenciar autonomamente mesmo quando é colocado em outra região do embrião.
Se for capaz de diferenciar de acordo com o destino original, mesmo sob essas
circunstâncias, pode-se assumir que o compromisso é irreversível.
Especificação
autónoma
Três modos básicos de compromisso
foram descritos. O primeiro é chamado de especificação autônoma. Neste caso, se
um blastômero particular for removido de um embrião no início do
desenvolvimento, esse blastômero isolado irá produzir os mesmos tipos celulares
que ele produziria se ainda fosse parte do embrião. E mais ainda, o embrião de
onde foi retirado o blastômero perderá essas células e somente essas células,
que seriam produzidas pelo blastômero retirado. A especificação autônoma dá
origem a um padrão na embriogênese chamado de mosaico do desenvolvimento, pois
o embrião parece uma construção de mosaico de peças independentes, com partes
capazes de se auto-diferenciar. Embriões de invertebrados (especialmente de
moluscos, anelídeos, e tunicados), geralmente possuem especificação autônoma
para determinar o destino de suas células. Nesses embriões, determinantes
morfogenéticos (certas proteínas ou RNAs mensageiros) são postos em diferentes
regiões do citoplasma do ovo e são divididos em diferentes células de acordo
com a divisão do embrião, sendo que os determinantes morfogenéticos especificam
o tipo celular.
Especificação
sincicial
Em embriões iniciais de insetos, a
divisão celular não está completa. O núcleo se divide dentro do citoplasma do
ovo, criando um multinucleado dentro do ovo. Um citoplasma que contém vários
núcleos é chamado de sincício. O ovo citoplasmático, no entanto, não é
uniforme. Em vez disso, o citoplasma do ovo anterior é marcadamente diferente
do posterior. Aqui, a interacção da especificação sincicial ocorre entre as
diferentes partes de uma mesma célula, mas não entre elas.
Embriologistas experimentais
mostraram que cada núcleo de Drosophila tem uma informação posicional dado por
proteínas chamadas de morfógenos (do grego “doador de forma”).
Especificação
condicional
O terceiro modo de comprometimento
envolve interacções entre células vizinhas. Neste tipo de especificação, cada
célula tem, originalmente, a habilidade de se tornar qualquer uma dentre tantos
tipos celulares. Entretanto, as interações de uma célula com outras células
restringem o destino de uma ou mais participantes. Esse modo de comprometimento
é chamado de especificação condicional porque o destino da célula depende das
condições em que se encontra.
Se um blastômero for removido de um
embrião, no início do desenvolvimento, que utiliza a especificação condicional,
as células embrionárias remanescentes alteram seus destinos de modo que as
funções das células que faltam sejam retomadas. Essa habilidade que células
embrionárias têm de modificar seus destinos para compensar as partes que faltam
é chamada de regulação. O blastômero isolado pode também dar origem a uma
grande variedade de células (até gerar tipos celulares que a célula não faria
se ainda fosse parte do embrião). Assim, a especificação condicional gera um
padrão chamado de desenvolvimento regulador. O desenvolvimento regulador é
visto na maioria dos embriões de vertebrados, e é crítico no desenvolvimento de
gêmeos idênticos. Na formação dos gêmeos, as células no estágio de clivagem de
um único embrião se divide em dois grupos, e cada grupo de células produz um
indivíduo totalmente desenvolvido.
Comentários
Enviar um comentário